QUANTO VOCÊ DEVE?

cobran_C3_A7a

Depois de um dia de caminhada pela mata, mestre e discípulo retornavam ao casebre, seguindo por longa estrada. Ao passarem próximo a uma moita de samambaia, ouviram um gemido. Verificaram e descobriram um homem caído.

Estava pálido e com uma grande mancha de sangue, próxima ao coração. Tinha sido ferido e já estava próximo da inconsciência. Com muita dificuldade, mestre e discípulo o carregaram para o casebre rústico, onde viviam. Lá trataram do ferimento. Uma semana depois, já restabelecido, o homem contou que havia sido assaltado e que ao reagir fora ferido por uma faca. Disse também que conhecia seu agressor, e que não descansaria enquanto não se vingasse. Disposto a partir, o homem disse ao sábio:
“Senhor, muito lhe agradeço por ter salvado a minha vida. Tenho que partir e levo comigo a gratidão por sua bondade. Vou ao encontro daquele que me atacou e vou fazer com que ele sinta a mesma dor que senti.”

O mestre olhou fixo para o homem e disse:
“Vá e faça o que deseja. Entretanto, devo informá-lo de que você me deve três mil moedas de ouro, como pagamento pelo tratamento que lhe fiz.”
O homem ficou assustado e disse:
“Senhor, é muito dinheiro. Sou um trabalhador e não tenho como lhe pagar esse valor!”

Com serenidade, tornou a falar o sábio:
“Se não pode pagar pelo bem que recebeu, com que direito quer cobrar o mal  que lhe fizeram?”

O homem ficou confuso, e o mestre concluiu:

“Antes de cobrar alguma coisa, procure saber quanto você deve. Não faça cobrança pelas coisas ruins que aconteçam em sua vida, pois a vida pode lhe cobrar tudo de bom que lhe ofereceu.”

(Matheus 18)

18.23   Por isso, o reino dos céus é semelhante a um rei que resolveu ajustar contas com os seus servos.


18.24   E, passando a fazê-lo, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos.


18.25   Não tendo ele, porém, com que pagar, ordenou o senhor que fosse vendido ele, a mulher, os filhos e tudo quanto possuía e que a dívida fosse paga.


18.26   Então, o servo, prostrando-se reverente, rogou: Sê paciente comigo, e tudo te pagarei.


18.27   E o senhor daquele servo, compadecendo-se, mandou-o embora e perdoou-lhe a dívida.


18.28   Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos que lhe devia cem denários; e, agarrando-o, o sufocava, dizendo: Paga-me o que me deves.


18.29   Então, o seu conservo, caindo-lhe aos pés, lhe implorava: Sê paciente comigo, e te pagarei.


18.30   Ele, entretanto, não quis; antes, indo-se, o lançou na prisão, até que saldasse a dívida.


18.31   Vendo os seus companheiros o que se havia passado, entristeceram-se muito e foram relatar ao seu senhor tudo que acontecera.


18.32   Então, o seu senhor, chamando-o, lhe disse: Servo malvado, perdoei-te aquela dívida toda porque me suplicaste;


18.33   não devias tu, igualmente, compadecer-te do teu conservo, como também eu me compadeci de ti?


18.34   E, indignando-se, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que lhe pagasse toda a dívida.


18.35   Assim também meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não perdoardes cada um a seu irmão.