Mocidade, maturidade e velhice


Há uma lenda em que um sábio oferece à venda um livro dividido em três volumes de oráculos, ao rei de Roma.
O preço dos três volumes era tão alto que o rei se recusou a pagá-lo. Na presença dele o sábio queimou um dos livros.
Anos depois, o rei mandou chamar o sábio e perguntou o preço dos dois volumes que sobraram, descobriu espantado que o preço dos mesmos equivalia ao preço dos três.
Tendo novamente recusado o preço, queimou o sábio o segundo volume. Mais tarde, achando que o preço do volume que sobrou seria menor que os dos outros dois, ficou surpreendido ao saber que correspondia ao preço dos três volumes. Ficou sabendo, então que os três volumes tinha muito a ver com mocidade, maturidade e velhice.
Os homens são dispostos a pensar que o preço da felicidade é demasiado alto. Na mocidade não pagam o preço de uma vida com Deus, e assim 1/3 da sua vida vai embora.
Para a maturidade o mesmo preço é pedido, isto é, a renuncia, a negação do seu eu, a visão da eternidade e o objetivo final. Recusado isso, só resta então a velhice. Aqui a renúncia torna-se mais difícil e parece mais dura, por causa de hábitos fixos e arraigados.

Se o preço fosse pago no começo, ficar-se-ia com os três volumes e a felicidade.

O GORILA E O LEÃO

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Um homem estava desempregado. Um dia, aceitou trabalhar num circo, fazendo o papel de gorila. Usando uma fantasia de King Kong, teria que fazer gestos, trejeitos, virar cambalhotas, coçar-se, enfim, fazer tudo o que faz um gorila de verdade. Treinou bastante, fazendo acrobacia e saltando, inclusive, por cima da jaula do leão. No ensaio, tudo saiu muito bem. – “Vai ser um sucesso” – pensou.

Chegou a hora do show. O circo estava lotado. Luzes, assobios, aplausos… Nosso amigo, o gorila de mentira, entrou em cena. Tal como nos ensaios, rodopiou no ar pra lá e pra cá. A certa altura, porém, cometeu um pequeno erro de cálculo ao saltar sobre a jaula do leão e… Caiu lá dentro! Cara a cara com o rei dos animais, começou a gritar histérico e tomado de pânico:

— Socorro, socorro!!!

A multidão ficou de pé e de olhos arregalados, fez completo silêncio.

O leão veio se aproximando de mansinho…

— Socorro, socorro!!! — Gritava o gorila desesperado, já esperando o pior. O leão veio chegando, chegando e cochichou enérgico para o gorila:

— Cale essa boca, seu bobalhão, senão nós dois vamos perder o emprego.
É impossível fingir o tempo inteiro. Não conseguimos por muito tempo exibir do lado de fora o que não somos do lado de dentro. Sempre chegará a hora do confronto com o leão, e aí…
“Pois nada há encoberto que não haja de ser manifesto, e nada se faz para ficar oculto, mas para ser descoberto.” (Marcos 4:22)

A PIOR POBREZA

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Um sábio estava sentado ao alto de uma montanha, em calma contemplação, quando foi importunado por um mendigo da aldeia.
– Onde está a pedra? – perguntou o mendigo. Preciso da pedra preciosa!
O sábio levantou os olhos na sua direção e disse, sorrindo:
– Que pedra procura?
– Tive um sonho – continuou o mendigo, mal se acalmando para falar – e nesse sonho, uma voz disse-me que se eu viesse à montanha, encontraria um homem que me daria uma pedra preciosa que me salvaria da pobreza para sempre!
O sábio olhou pensativo, depois alcançou sua bolsa e retirou dela um grande diamante!
– Será esta a pedra? – perguntou gentilmente – encontrei-a pelo caminho. Se quiser, pode ficar com ela. Eu não tenho utilidade para ela. Mas ela não o salvará da pobreza.
O mendigo nem podia acreditar na sua sorte. Arrancou a pedra das mãos do sábio e correu de volta para a aldeia, antes que ele mudasse de ideia.
Um ano mais tarde, o mendigo, já vestido com roupas de homem rico, regressou à montanha à procura do sábio, e o encontrou novamente meditando e contemplando o horizonte.
– Está de volta, meu amigo! – disse o sábio. O que aconteceu?
O mendigo respondeu:
– Aconteceram-me muitas coisas maravilhosas por causa da pedra que tão graciosamente me ofereceu. Tornei-me rico, acumulei dinheiro, casei com uma linda mulher e tenho uma enorme e bela casa. Posso dar emprego aos outros e fazer o que eu quiser, quando eu quiser. Posso comprar tudo o que você imaginar.
– Então, por que regressou? – perguntou o sábio.
– É que me sinto rico por fora, mas continuo pobre por dentro. Por favor, peço que me ensine tudo o que há DENTRO de você que lhe permitiu oferecer-me aquele diamante de maneira tão generosa.
A felicidade não está nos bens materiais. A pior pobreza é a de espírito.

“A ARVORE QUE O SÁBIO VÊ NÃO É A MESMA QUE O TOLO VÊ” (William Blake)

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Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física.

William Blake sabia disso e afirmou: “A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê”. Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.

Rubem Alves
colunista da Folha de S.Paulo

LENÇÓIS SUJOS

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Um casal, recém-casado, mudou-se para um bairro muito tranqüilo.

Na primeira manhã que passavam na casa, enquanto tomavam café, a mulher reparou atráves da janela em uma vizinha que pendurava lençóis no varal e comentou com o marido:

– Que lençóis sujos ela está pendurando no varal!

– Está precisando de um sabão novo.
Se eu tivesse intimidade perguntaria se ela quer que eu a ensine a lavar as roupas!

O marido observou calado.

Alguns dias depois, novamente, durante o café da manhã, a vizinha pendurava lençóis no varal e a mulher comentou com o marido:

– Nossa vizinha continua pendurando os lençóis sujos!
Se eu tivesse intimidade perguntaria se ela quer que eu a ensine a lavar as roupas!

E assim, a cada dois ou três dias, a mulher repetia seu discurso, enquanto a vizinha pendurava suas roupas no varal.

Passado um tempo a mulher se surpreendeu ao ver os lençóis muito brancos sendo estendidos, e empolgada foi dizer ao marido:

– Veja, ela aprendeu a lavar as roupas, Será que outra vizinha ensinou??? Porque eu não fiz nada.

O marido calmamente respondeu:

– Não, hoje eu levantei mais cedo e lavei os vidros da nossa janela!

E assim é.

Tudo depende da janela, através da qual observamos os fatos.

Os olhos… dizem que são as janelas da alma e eu diria mais, diria que são também as vitrines do coração.

SHOPPING CENTER DE MARIDOS

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Havia um “Shopping Center de Maridos”, onde as mulheres podiam escolher o seu marido entre várias opções de homens. O shopping tinha cinco andares, sendo que as qualidades dos homens cresciam nos andares mais altos. A única regra era que uma vez em um andar, não se poderia mais descer – deveria escolher um homem do andar, subir ao próximo ou ir embora. Uma dupla de amigas foi até o shopping.

1º ANDAR – Um aviso na porta dizia:

1-os homens deste andar trabalham e
2-gostam de crianças.

Uma das amigas disse para a outra: “Bem, é melhor do que ser desempregado ou não gostar de crianças, mas como serão os homens do próximo andar?”. Então elas subiram as escadas.

2º ANDAR

1-Os homens deste andar trabalham,
2-têm excelentes salários,
3-gostam de crianças e
4-são muito bonitos.

“Viu só?” – diz uma delas – “Como serão então os homens do próximo andar?” Então elas subiram as escadas.

3º ANDAR

1-os homens deste andar trabalham,
2-têm excelentes salários,
3-gostam de crianças,
4-são muito bonitos e
5-ajudam no serviço doméstico.

“NOSSA!” – diz a mulher – “Muito tentador, mas como serão os homens do próximo andar?” Então elas subiram as escadas.

4º ANDAR

1-os homens deste andar trabalham,
2-têm excelentes salários,
3-gostam de crianças,
4-são muito bonitos,
5-ajudam no serviço doméstico e
6-são ótimos amantes.

“Meu Deus…pense! O que será que nos aguarda no quinto andar!!!”

Então elas subiram até o quinto andar.

5º ANDAR – A placa na porta do andar vazio dizia: “Esse andar serve somente para provar que é impossível satisfazer as mulheres. Por favor siga até a saída e tenha um bom dia”.

NÃO JULGUE PARA NÃO SER JULGADO

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Vou explicar melhor pra você poder entender:

Certa vez, na cidade de Maraú, um padeiro foi ao delegado e deu queixas do vendedor de queijos que segundo ele estava roubando, pois vendia 800 gramas de queijo e dizia estar vendendo 1 kilo.

O delegado pegou o queijo de 1 kilo e constatou que só pesava 800 gramas e mandou então prender o vendedor de queijos sob a acusação de estar fraudando a balança.

O vendedor de queijos ao ser notificado da acusação, confessou ao delegado que não tinha peso em casa e por isso, todos os dias comprava dois pães de meio kilo cada, colocava os pães em um prato da balança e o queijo em outro e quando o fiel da balança se equilibrava ele então sabia que tinha um kilo de queijo.

o delegado para tirar a prova mandou comprar dois pães na padaria do acusador e pode constatar que dois pães de meio kilo se equivaliam ao “um kilo de queijo”. concluiu o delegado que quem estava fraudando a balança era o mesmo que estava acusando o vendedor de queijos.

Nós somos um pouco assim e muitas vezes acusamos os outros de nossos próprios vícios.

BALÃO PRETO

 

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Era uma vez um velho homem que vendia balões numa festa.
Claro que o homem era um bom vendedor, pois deixou um balão vermelho soltar-se e elevar-se nos ares,
atraindo, desse modo, uma multidão de jovens compradores
Estava ali perto um menino negro. Que estava observando o vendedor e, é claro apreciando os balões,
depois de ter soltado o balão vermelho, o homem soltou um azul, depois um amarelo e finalmente um branco.
Todos foram subindo até sumirem de vista. O menino, de olhar atento, seguia a cada um.
Ficava imaginando mil coisas…
Uma coisa o aborrecia, o homem não soltava o balão preto.
Então aproximou-se do vendedor e lhe perguntou:
– Moço, se o senhor soltasse o balão preto, ele subiria tanto quanto os outros?
O vendedor de balões sorriu compreensivamente para o menino, arrebentou a linha que prendia o balão preto e enquanto ele se elevava nos ares disse:
– Não é a cor, filho é o que está dentro dele que o faz subir.

A diferença da nossa vida não está na aparência e sim no conteúdo.

—PENSE NISSO—

BURROS 2

 

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Um velho fazendeiro chamou seus dois burros para transportar duas cargas importantes. 
– Tenho aqui um saco de sal e cinco sacos de esponjas para serem levados até a cidade. Cada um deve pegar uma das cargas e pôr-se a caminho.
O primeiro burro, que se considerava o mais esperto, logo apoderou-se da carga de esponjas dizendo: – Eu levo esta carga que é cinco vezes maior que a outra. 
O segundo burro pegou a carga de sal que lhe sobrara e foi estrada a fora amaldiçoando seu companheiro cuja carga era infinitamente mais leve. 
Depois de muito caminharem chegaram às margens de um rio que deveriam atravessar. Entraram na água e ao saírem na outra margem do rio o sal havia derretido, mas as esponjas ficaram encharcadas e extremamente pesadas.

Moral da história: Muitas pessoas, que se consideram espertas, acabam sendo vítimas de suas próprias artimanhas.

 

Do livro: Fábulas – Monteiro Lobato – Editora Brasiliense

JOGA FORA

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O célebre e contraditório personagem sufi Mulla Nasrudin visitou a Índia.
Chegou a Calcutá e começou a passear por uma de suas movimentadas ruas.
De repente viu um homem que estava vendendo o que Nasrudin acreditou que
eram doces, ainda que na realidade fossem chiles apimentados. Nasrudin era
muito guloso e comprou uma grande quantidade dos supostos doces, dispondo-se
a dar-se um grande banquete. Estava muito contente, se sentou em um parque
e começou a comer chiles a dentadas. Logo que mordeu o primeiro dos chiles
sentiu fogo no paladar. Eram tão apimentados aqueles “doces” que ficou com a
ponta do nariz vermelha e começou a soltar lágrimas até os pés. Não obstante,
Nasrudin continuava levando os chiles à boca sem parar. Espirrava, chorava, fazia
caretas de mal estar, mas seguia devorando os chiles. Assombrado, um passante se
aproximou e disse-lhe: – Amigo, não sabe que os chiles só se comem em pequenas
quantidades? Quase sem poder falar, Nasrudin comentou: – Bom homem, creia-me,
eu pensava que estava comprando doces. Mas Nasrudin seguia comendo chiles.
O passante disse: – Bom, está bem, mas agora já sabes que não são doces.
Por que continua comendo? Entre tosses e soluços, Nasrudin disse:
– Já que investi neles meu dinheiro, não vou jogá-los fora. O Grande Mestre disse:
– Não sejas como Nasrudin. 
Toma o melhor para tua evolução interior e joga fora o
desnecessário ou pernicioso,
mesmo que tenhas investido muito dinheiro ou tempo neles.

“Entrementes, Zaqueu se levantou e disse ao Senhor: Senhor, resolvo dar aos pobres
a metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, restituo quatro
vezes mais. Então, Jesus lhe disse: Hoje, houve salvação nesta casa, pois que também
este é filho de Abraão. Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido.”

Lucas 19.8-10